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Lisbonlândia. Newsletter 41.

Os lisboetas sonham.

E nós queremos que estes sonhos sejam possíveis. Pelo menos durante um dia. Esta sexta-feira, 22 de setembro, as elites acomodadas querem celebrar o dia Europeu Sem Carros, obrigando-nos a passear e a andar de bicicleta. Queremos deixar claro que não é este o nosso sonho. Queremos que seja respeitado o nosso direito de poder estacionar à porta da própria casa, na rua onde moramos, depois de um difícil dia de trabalho.

As famílias não podem, e nem deveriam, ser obrigadas a caminhar ou, pior ainda, pedalar. Têm direito à dignidade de circular comodamente sentados, num veículo espaçoso, como se estivessem na sala de estar. Temos que aceitar que os mais velhos já não têm idade para se mover independentemente. Como é que vão para o centro de saúde sem carro?

IInstalou-se um caos de peões que prejudica os moradores, nem conseguem entrar nas próprias casas. Quem tem dificuldade de mobilidade, quem se move com o apoio das muletas, deveria ser levado de carro pelos filhos, e nem sequer deveria tentar caminhar. E se cair na passadeira e partir os óculos, é porque insistiu em atravessar sem dar prioridade a quem se endividou para poder andar como deve ser – de carro.

Lisboa é uma cidade milenar. As suas ruas nunca foram pensadas para as crianças estarem lá fora a brincar. Antigamente, as crianças começavam a trabalhar cedo, nem tinham tempo para as brincadeiras. As ruas eram, e são, para as pessoas que têm coisas importantes para fazer.

E os turistas a tomarem caipirinhas em vez de deixarem os carros dos lisboetas passar? O Brasil ainda nem tinha sido por nós civilizado, e já tínhamos cá ruas para os carros! Lisboa nunca foi para as pessoas passearem, e não vemos nenhuma razão para mudar as nossas tradições nacionais.

🚗 O carro do amigo ia enfeitar o bairro? Aqui está o link direto para este convite que podem partilhar.

Os agentes económicos que se instalaram nesta freguesia ocupam o espaço onde os vizinhos podiam estacionar os próprios veículos. Temos restaurantes, lojas e bares onde poderiam existir garagens. Na Misericórdia temos um défice de 2000 lugares de estacionamento. Onde hoje está o bar de cachaça, que nada tem a ver com a nossa cultura local, entravam dez veículos dos moradores! Em vez daquela pizzaria, mais um agente económico de carácter estrangeiro - três. No restaurante que serve dumplings chineses – mais dois. Em vez de sushi, poderia existir uma garagem para estacionar quatro carros, ou seja, uma família inteira: mãe, pai e dois filhos. Em vez da comida brasileira e cocktails, enfim! No total, na Rua e Travessa dos Mastros, temos potencial para criar pelo menos 50 lugares de estacionamento seguro. Já ficávamos com só 1950 lugares de estacionamento mais para inventar.

Estamos todos empenhados em tornar a freguesia da Misericórdia num dos locais de Lisboa mais agradáveis e aprazíveis para os moradores estacionarem. Neste dia haverá um grupo retrógrado a circular uma petição que nos quer tirar a liberdade, por favor não a assinem. Estamos juntos para defender o nosso direito constitucional de ir ao café ao lado com dignidade, gastando todo o petróleo e gás que precisar.

Venham desfrutar do melhor evento do dia nesta cidade, com estacionamento gratuito das 10h de manhã até às 23h, na Rua e Travessa dos Mastros. Ao longo do dia, as crianças terão aulas práticas de como estacionar sobre o passeio, com truques úteis para fugir às multas da EMEL. Encontrarão papel e marcadores para praticar a vossa escrita criativa dos posters revolucionários em prol do motor. No final do dia esperamos que se juntem ao concerto acústico de buzinas.

Venham construir connosco o autêntico sonho dos lisboetas, a Lisbonlândia!

Vrum, vrum,

Lisboa Impossível

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